quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

E quem nunca fez papel de bobo...

"O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontâneamente lhe vem a ideia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contra partida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.
É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca.

É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo."

*Das vantagens de ser bobo - Clarice Lispector

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

HAHAHA


"QUEM MANTÉM TUDO ORGANIZADO É PORQUE TEM PREGUIÇA DE PROCURAR AS COISAS"
autor desconhecido

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

*Sem contar os dias que me faz morrer

Tantas vezes na vida a gente é obrigado a desconstruir aquilo que a cabeça passa anos planejando.
Explico.
Ocupamos boa parte do nosso tempo imaginando como será o futuro. “Vou fazer isso”. “Vou ser aquilo”. “Depois eu vou morar não sei onde”. “Casar com fulano assim e assado”.
São os nossos SONHOS.
É assim comigo. E tenho certeza que também é com quem quer que seja que venha ler este texto.
Então a vida vem e passa uma rasteira na gente. Coloca-nos em outra direção. E é sem pedir licença, sem avisar.
Às vezes dói. Sangra. Machuca.
Mas quase sempre ela nos leva pra um caminho melhor e mais bonito do que a gente estava antes.
Estive pensando nisso os últimos dias quando me lembrava de como foi quando engravidei da Lorena.
Eu tinha 18 anos. Era uma adolescente cheia de planos. Sonhos. Perspectivas. Desejos.  Mas nada que envolvesse um bebê naquele momento. Filhos estavam sim nos meus planos, porém adiante uns 15 anos.
E quando eu vi o teste positivo eu não tenho dúvidas que amei desde o primeiro segundo. Mas ali também eu vivi um luto.
Sim, um luto pela vida que eu nem cheguei a ter.
E esse foi o momento de colocar tudo abaixo. Destruir tudo. Quebrar. Despedaçar. Queimar.
E foi o que fiz.
Sofri, sim. Tinha que ser assim. Sofri muito. Doeu derrubar tudo. Acabar com tudo.
Mas quando finalmente tudo ficou limpo tinha lugar pra recomeçar. Havia um baita espaço aberto. Pronto para erguer novas construções.
Então comecei tudo outra vez.
Desejei uma família. Queria ser a melhor mãe que eu pudesse ser. Joguei-me de cabeça nessa nova aventura. Curti. Amei. Quis. Esperei.
Claro que eu perdi muita coisa. Mas quando colocado na balança eu ganhei muito mais.
*”Mas se quer saber se eu quero outra vida. Não. Não.”

**música ‘eu te devoro’ djavan
* imagem: marina faria retirado daqui

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Deixa estar...

 

*"Quase sempre a maior ou a menor felicidade depende do grau de decisão de ser feliz."

Hoje eu estou com vontade de aproveitar a vida.

Assim, de curtir boa música.

Ler um bom livro.

Rir até doer a barriga.

Ouvir conversa animada.

Sem pressa. Devagar. Amando. Sentindo. Confiando. Entregando.

Quero ser feliz e aproveitar o que eu puder.

Saúde. Paz. Amor. Tenho tudo. O que mais eu posso querer?

Diante de tanta coisa difícil acontecendo nesse país. Eu quero o meu pedaço de mundo como está.

Aqui. Assim. Agora.

Depois eu vou querer mais. Vou chorar. Vai doer. Eu sei que vai. Em algum momento vai. Mas não é agora. 

Agora deixa tudo ficar como está.

* Abraham Lincoln
Imagem: weloveit


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A ORIGEM

primeiro eu quero deixar aqui registrada a minha indignação de que eu fui para o trabalho e a internet não estava funcionando, então eu resolvi deixar alguns posts escritos pra poder publicar depois, escrevi dois, levaram o computador pra arrumar e não salvaram os meus posts. e agora eu to com preguiça de ter que escrever denovo. pior, to sem inspiração.




Ficha Técnica:
Título Original: Inception
Gênero: Ficção Científica
Elenco: Leonardo DiCaprio, Marion Cotillard, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Ken Watanabe, Cillian Murphy, Tom Hardy, Tom Berenger, Michael Caine, Lukas Haas
Roteirista: Christopher Nolan
Direção: Christopher Nolan
Sinopse: Don Cobb (Leonardo Di Caprio) é especialista em invadir a mente das pessoas e, com isso, rouba segredos do subconsciente, especialmente durante o sono, quando a mente está mais vulnerável. As habilidades singulares de Cobb fazem com que ele seja cobiçado pelo mundo da espionagem e acaba se tornando um fugitivo. Como uma chance para se redimir, Cobb terá de, em vez de roubar os pensamentos, implantá-los. Seria um crime perfeito, mas nenhum planejamento pode preparar a equipe para enfrentar o perigoso inimigo que parece adivinhar seus movimentos. Apenas Cobb é capaz de saber o que está por vir.
Eu e o Rodrigo adoramos assistir filmes. Tanto que a locadora e o cinema já são pequenos pra nós. E a gente assiste de tudo mesmo (eu confesso que não tenho muito jeito crítico pra coisa). Gosto de um filme com história interessante. Bem enrredado. Bem contado. Com uma música boa. E gosto do "pop" também.
E hoje vim registrar aqui um pouco sobre este filme que lhe dá nome ao post. Já faz um tempinho que assisti, mas hoje fuçando aqui na net encontrei alguma coisa sobre ele, e deu uma vontade de ver denovo. 
O enrredo é mega original. Diferente de tudo (pelo menos do que eu ja vi). História envolvente. Nota 10.
PS: assisti o filme uma vez só, talvez nas próximas eu encontre falhas na história.
Outra coisa, tem que pensar, prestar atenção pra poder entender. A trama é cheia de detalhes. Tem que estara atento.
Ótima atuação de Leonardo Dicaprio. Belos efeitos visuais.
Pra mim  tudim de bom!




sábado, 8 de janeiro de 2011

N.E.O.Q.E.A.V


"Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.
A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra “Neoqeav” num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse 
deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.
Eles se revezavam deixando “Neoqeav” escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.
Eles escreviam “Neoqeav” com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho.
“Neoqeav” era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho.
Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar “Neoqeav” na última folha e enrolou tudo de novo.
Não havia limites para onde “Neoqeav” pudesse surgir.
Pedacinhos de papel com “Neoqeav” rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam.
Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros.
“Neoqeav” era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro.
Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós.
Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida.
Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam.
Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso.
Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos.
Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a Deus e bençãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte.
Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes.
Como sempre, vovô estava com ela a cada momento.
Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair.
O câncer agora estava de novo atacando seu corpo.
Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa. Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, rezando a Deus para zelar por sua esposa. Então, o que todos nós temíamos aconteceu.
Vovó partiu.
“Neoqeav”foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó.
Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez.
Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela.
Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser. Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava."

Autor desconhecido

NUNCA ESQUEÇA O QUANTO EU AMO VOCÊ

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Voltei...


Foram só alguns dias longe.

Aliás, foi ótimo, voltei de cabeça fria. Cuca fresca.

E agora o ano começa com aquele mesmo sentimento de recomeço.

E que coisa boa.

É como se a vida nos desse uma nova chance.

Então bora lá  aproveitar, porque uma nova chance acho que só no próximo recomeço.